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domingo, 17 de maio de 2009

Tolerãncia

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TOLERÂNCIA

O tema proposto para esta apresentação é de grande relevância para os maçons e para Ordem Maçônica em geral, dada a sua importância filosófica e doutrinária como guia maior da prática das virtudes afinal: “Maçonaria é o estudo das ciências e a prática das VIRTUDES”
O presente trabalho discorre sem pretensões, sobre algumas reflexões acerca da importância contida na virtude da Tolerância no processo de aceitação e compreensão das diferenças, em especial no seio maçônico, convivência fraterna entre os irmãos.
De início convém destacar que a Tolerância traduz no remédio eficaz contra todas as ações e posturas eivadas de intransigências e que objetivam suprimir a livre manifestação do pensamento.
Neste contexto a Maçonaria se mostra como intransigente defensora e cultora dos sãos princípios desta importante virtude de tão difícil exercício, considerando ser a natureza humana suscetível ao poder nefasto do super-dimensionamento do ego e do ranço dogmático das vaidades e do poder.
Então, a observação e a prática da tolerância constitui, pois, exigência fundamental para a prática maçônica. Por isso que a nossa Sublime Ordem exige de seus Iniciados o cumprimento de sérios deveres e enormes sacrifícios.
A Maçonaria proclama em seus princípios fundamentais que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que assim sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um.
Especificamente, no âmbito de nossa obediência, consta do Ritual do 1º Grau-Aprendiz Maçom, no tópico Preâmbulo da Maçonaria - Seus Princípios Fundamentais que:
“A maçonaria não impõe nenhum limite à investigação da verdade e é para garantir a todos essa liberdade que exige, a maior tolerância” (sic - Ritual Grau 1, GOEMT, pág. 09)
Assim, a nossa Sublime Ordem proclama a TOLERÂNCIA entre os seus Iniciados.
O vocábulo tolerar não significa apenas ser indulgente, ser condescendente, ser transigente, ser permissivo, mas acima de tudo significa ter certa capacidade ou resistência para suportar.
Na sociedade moderna, praticar a tolerância a cada dia exige muito esforço de cada um de nós, pois a conturbada atividade social e a pressão psicológica exercida sobre o homem, torna-o exigente, imprudente, agressivo e até inconseqüente na execução dos atos em sua vida.
É nesse contexto que tolerar assume importância fundamental entre os homens.
Se o homem profano sente-se desobrigado de praticar a tolerância, para o homem Maçom o mesmo não acontece, pois, tolerar é um dever. Este princípio está intrinsecamente ligado a um dos fins supremo da Sublime Ordem: a Fraternidade.
Como se sabe, na prática maçônica tem-se que a meta para combater e eliminar a mãe de todos os vícios, adota como premissa o culto aos sãos princípios da Tolerância, do Amor Fraternal e do Respeito a si mesmo.
A Tolerância, pois, constitui uma das mais importantes virtudes para a Maçonaria, pois possibilita a convivência dentro das Lojas, de Irmãos de todas as tendências de pensamento e credos, fazendo com que se acate, com necessária humildade as diferenças e desníveis inerentes ao ser humano em todos os sentidos.
Desta forma é mister compreender a virtude da tolerância como imperativo essencial ao pleno exercício da atividade maçônica, por ser esse o caminho para suplantar os óbices e alcançar em sua dimensão plena a solidariedade e o espírito fraterno. A negação a atitudes intolerantes conduz necessariamente ao reconhecimento e à compreensão dos valores espirituais alheios, divergentes e até adversos.
Deve-se observar que a Maçonaria compreende e absorve a existência das tensões e contrariedades que se exprimem no cotidiano da vida humana em sociedade.
Conseqüentemente pelo respeito à vida e ao G.·. A.·. D.·. U.·. é imperativo não medir esforços objetivando sobrepor de forma eficiente e harmoniosa essas contraposições. Com isso combateremos a atitude intolerante, fator originador do processo de desagregação de uma Loja Maçônica.
Por sermos humanos, e sendo a natureza humana contraditória e imperfeita, por vezes podemos ser tomados de comportamentos egoístas ou sermos atraídos pela chama da fogueira das vaidades. Contudo, ao Maçom, por ser Maçom, é dever por princípio estar atento e combater com veemência estas distorções da personalidade com constância e serenidade.
Portanto, a cada dia, nós Maçons temos por obrigação exercitar a prática da tolerância, o que facilita sobremaneira todo o relacionamento entre os irmãos, ampliando o espírito fraterno que existe no seio da nossa entidade milenar.
Com efeito, a partir da iniciação o Maçom torna-se uma pessoa diferenciada, porque se abrem para ele as portas da verdadeira amizade. A fraternidade que passa a viver entre os irmãos é a exteriorização mais concreta da felicidade de ser Maçom.
A tolerância do Maçom não pode se limitar apenas ao relacionamento com o próximo. Há que ser também paciência no desenvolvimento das etapas, que permite o seu crescimento e o seu progresso individual em todos os aspectos de sua vida.
Não é fácil ser Maçom. Se relacionar exige paciência e tolerância, fazer progressos na Maçonaria estreitando os laços de amizade que nos unem exige muito mais tolerância ainda.
Assim, ingressar na Maçonaria é um fato, fazer progresso na ordem é outro. Manter-se motivado é fundamental para o crescimento interior do Obreiro, o que lhe dá um prazer imensurável de ser Maçom.
No seio da nossa Sublime Ordem, é necessário querer progredir, tolerar, estudar, buscar a verdade para que haja a transformação do homem que renasceu para o mundo, no momento especial em que a ele se deu a Luz.
O homem profano perde-se nas solicitações mundanas. O consumismo, a falta de interiorização deixa-o esquecido de si mesmo. Sua convivência com os vícios, acaba por fazê-lo infeliz. Nessa alienação passa a buscar a felicidade fora de si mesmo, nas drogas, no fanatismo religioso e tudo o mais que foge à própria pessoa, em clara fuga do seu mundo vazio de virtudes.
A Maçonaria, portanto, é o oposto de tudo isso, daí decorre a dificuldade de se buscar o crescimento no seu seio. Acostumados que fomos à vida profana, às vezes perdidos na busca de objetivos vãos, encontramos muitas dificuldades para alcançar a plenitude Maçônica. É por isso que alguns desistem.
Contudo, o estudo contínuo propicia o aperfeiçoamento, pois através dele há uma constante evolução de conhecimentos.
Pode-se afirmar ainda, sem qualquer pretensão de esgotar o assunto, que a tolerância deve ser uma das virtudes mais discutidas na Maçonaria. Entretanto, como se viu, a sua prática é demasiadamente difícil. Não porque se evita praticá-la, mas porque é muito complicada, a demarcação dos seus limites, para se saber principalmente onde ela termina, e onde começa a complacência ou mesmo a conivência.
Deve-se considerar que estabelecer esses limites, como se sabe, não é tarefa fácil. Em cada situação, em que empregamos a tolerância, devemos analisar uma infinidade de prismas, nos quais sempre estão em julgamento os procedimentos de Irmãos.
Muitas vezes até a mudança de comportamento de um Irmão, nos obriga a utilizarmos de maior ou menor tolerância. Daí se nota a existência de uma gradação da tolerância, ou seja, como estabelecer-se ou situá-la, em determinados acontecimentos de nossa vida.
Sabemos que o erro é próprio do homem. Determinadas circunstâncias obrigam ou mesmo impõe a pessoa humana, o deslize e o desvio do caminho correto.
Contudo, se um Irmão que sempre agiu corretamente e, de um momento para outro, percebe-se um desvio em sua conduta, devemos, então, exercitando a exigida tolerância, colocar na balança os dados positivos existentes em seu favor, e que até recentemente era motivo de elogios. Esse passado bom do Irmão, deve representar um fator atenuante de suas faltas. Pelo sentimento de tolerância e porque não dizer de justiça, devemos considerar nesse julgamento, todas as coisas boas realizadas.
Pela tolerância, também devemos sempre procurar ouvir o Irmão. Saber o que está acontecendo com ele, quais são os fatos novos em sua vida, que o obrigam a se desviar do caminho seguro da virtude.
Contudo, convém esclarecer que, como é sabido, a tolerância não implica em compactuar ou transigir com o erro; não é permitir a violação do direito ou ruptura da ordem jurídica ou mesmo atitudes de conspurcação moral. Se tal acontecesse ficaria evidenciado uma clara conduta de conivência inaceitável e transgressora dos princípios maçônicos estabelecidos.
O verdadeiro Maçom deve combater com firmeza, atos ou crenças que possam conduzir a humanidade à barbárie, do fanatismo fundamentalista e/ou totalitarismos, destruidores dos mais expressivos e preciosos valores universais inerentes às garantias e direitos fundamentais do homem e do Estado de Direito.
Vale ressaltar que o critério do que seja justo, é inerente à idéia de tolerância, se considerarmos que essa virtude possui algo de comiseração, por não se deixar conduzir por juízos precipitados.
Está implícita na tolerância a possibilidade de poder auxiliar os irmãos faltosos ou culpados a não incorrerem no mesmo erro, haja vista que aquele que a exercita, possui o sentido de clemência e da paciência capazes de demover os possuidores da vaidade, da soberba e da iniqüidade.
Conclusivamente podemos afirmar que a tolerância constitui uma dádiva preciosa, que deve ser cultuada para que se fortaleça a noção de Fraternidade entre nós.
Para tanto devemos assumir como verdadeira tolerância a que tem por significado: Sinceridade no pensamento. Compreensão no estudo dos fatos. Generosidade no cumprimento da ação.
Inegavelmente é na relação de compromisso solidário, fraterno e desinteressado exercida na vivência de cada dia que iremos demonstrar se assimilamos e colocamos em prática, tão precioso fundamento da Arte Real.


Ir. Celso Tadeu Monteiro Bastos
M.·. M.·.
A.·.R.·.L.·.S.·. ACÁCIA DE VÁRZEA GRANDE Nº 33.









4. Referências Bibliográficas
Ritual do Gral 1 – Aprendiz Maçom, do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso;
Constituição do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso;
ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia.
CASTELLANI, José. Dicionário Etimológico Maçônico.
CAMINO, Rizzardo Da. Reflexões do Grau de Aprendiz;

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